Recentemente fomos surpreendidos novamente com a notícia de que dois jovens, um adolescente de 17 anos e um adulto de 25, entraram numa escola em Suzano-SP e mataram 8 pessoas. Dentre eles 6 adolescentes e 2 mulheres adultas. O mais novo dos assassinos era fã de jogos de tiro e, inclusive, chegou a usar uma máscara de um dos jogos no momento dos assassinatos. Isso reascendeu um questionamento feito a bastante tempo pelos pais: Jogos sobre violência estimulam esse sentimento nas crianças e adolescentes?
A resposta correta a qualquer pergunta muito geral como esta é: depende. Mas depende de quê?
Antigamente, a violência refletia comportamentos marginais ou minoritários, causados pela realidade da qual a pessoa estava inserida. Hoje, discutimos se além disso os filmes, séries e jogos também podem estimular esse tipo de comportamento.
A pergunta certa a se fazer é: o que as crianças percebem como mais violento – o mundo na rua, da escola e do cotidiano ou o mundo dos games e filmes?
Veja: É tudo uma questão de perspectiva. Se a criança vem de uma realidade de violência, com uma estrutura familiar violenta e sem apoio, os jogos são apenas uma confirmação do que já foi construído na cabeça dela ao longo do seu desenvolvimento. Não que isso seja a regra! Mas é bem menos comum e provável que uma pessoa com uma boa base familiar e que vive em um ambiente saudável seja tão profundamente influenciada pelo mundo imaginário dos games ao ponto de se tornar violenta por causa deles.
Existem, claro, outras formas de enxergar o assunto. Algumas pessoas acreditam que seja a mesma explicação para a leitura de livros de ficção: ao penetrar na leitura de um romance, ou mesmo de uma fábula, o leitor consente em violar certas regras. Vida e morte, certo e errado, tudo isso é ditado pelo enredo e nos deixamos absorver.
Esta interpretação é bastante comum e faz sentido. Mas não existem muitas evidências de que isso de fato aconteça, afinal o leitor sabe que está no terreno da ficção. Isso também valeria para filmes e games.
Uma outra interpretação se relaciona melhor ao contexto e existem muitas pesquisas e artigos sobre ela: conversar com a criança ou jovem sobre o que acontece fora da realidade, como nos jogos, redes sociais ou o que acessamos nas telas, é o melhor antídoto. O monitoramento de perto e o diálogo com os adultos ajudam a criança ou adolescente a diferenciar a realidade da ficção. Nesses casos, a violência dos jogos e filmes não gera comportamentos violentos. Mas, é claro, tudo depende da dose.
Ahn, tem mais uma coisa a se levar em consideração: Porque crianças e adolescentes têm acesso a esses materiais que sequer são indicados para a idade deles?
Vale lembrar que jogos, assim como filmes, também possuem indicação de faixa etária e essa indicação precisa ser respeitada. O problema não está nos jogos, mas nos limites dados pelos pais ou responsáveis sobre o que a criança ou adolescente tem consumido. Limites existem para garantir que o desenvolvimento mental e emocional seja respeitado. Não são apenas figurativos. Saber o que seu filho lê, o que seu filho joga, o que ele assiste, com que conversa, o que consome em um modo geral é o que separa a boa influência da má influência e são os pais os responsáveis por saber até onde a criança pode ir.
Faça parte da vida dos seus filhos. Seja presente em todos os sentidos, faça seu papel sendo a boa influência que ele precisa.
Vejo você no próximo post,
até mais!